A inteligência artificial entrou decididamente na pauta das lideranças globais, e o Vaticano assumiu um papel de destaque nesse debate. Sob a liderança do Papa Leão XIV, o Vaticano vem promovendo intensas discussões sobre os riscos e as implicações éticas da inteligência artificial na sociedade contemporânea. Com formação em matemática e profundo interesse pelas novas tecnologias, o Papa tem feito alertas consistentes sobre os perigos que a expansão desregulada da inteligência artificial pode representar à dignidade humana, aos direitos dos trabalhadores e ao equilíbrio do poder mundial.
A proposta mais ousada do Papa Leão XIV é a criação de um tratado internacional para a regulação da inteligência artificial. Segundo ele, apenas um acordo global, firmado entre nações e respaldado por princípios éticos universais, será capaz de conter os excessos das grandes corporações tecnológicas e garantir que os avanços da inteligência artificial sejam usados em benefício da humanidade como um todo. Essa posição rompe com a lógica atual, em que gigantes do setor como Google, Microsoft e Meta conduzem a autorregulação de suas inovações de forma autônoma.
A proposta de um tratado internacional para a inteligência artificial tem como premissa a ideia de que os efeitos dessa tecnologia já ultrapassam as fronteiras nacionais. A automação de decisões, os algoritmos que moldam comportamentos e os sistemas preditivos que interferem em questões sociais e econômicas não podem ser deixados apenas nas mãos do mercado. O Papa Leão XIV argumenta que, assim como as armas nucleares exigiam acordos multilaterais para limitar seu uso, a inteligência artificial também requer um esforço coletivo de governança.
Nos últimos meses, o Vaticano realizou encontros com líderes de empresas de tecnologia para debater caminhos possíveis para a regulamentação da inteligência artificial. Os diálogos envolvem não apenas os aspectos técnicos, mas principalmente os princípios éticos que devem nortear o desenvolvimento dessa tecnologia. O Papa tem defendido uma abordagem centrada na pessoa humana, baseada em valores como justiça, solidariedade, inclusão e responsabilidade social, de modo a evitar que a inteligência artificial aprofunde as desigualdades já existentes.
A inteligência artificial também foi comparada pela Papa revolução industrial, em razão do seu impacto estrutural sobre o mundo do trabalho e os modelos econômicos. Ele alerta que, sem uma regulação clara, milhões de empregos poderão ser destruídos, com consequências sociais graves. Além disso, a concentração de poder nas mãos de poucos conglomerados tecnológicos pode gerar um novo tipo de dominação digital, capaz de influenciar governos, eleições e dinâmicas geopolíticas globais. O tratado proposto pretende atuar como barreira contra esses riscos.
A iniciativa do Vaticano reflete uma visão política e ética de longo prazo, que busca antecipar as crises relacionadas ao avanço da inteligência artificial. Para o Papa, não se trata de frear o progresso, mas de estabelecer limites morais claros para que a tecnologia seja um serviço do bem comum. Ele também defende que uma inteligência artificial não deve substituir o julgamento humano em decisões cruciais, como nas áreas da saúde, segurança pública ou justiça, pois isso comprometeria os fundamentos da liberdade e da autonomia individual.
A inteligência artificial, segundo o Papa, precisa de uma regulação baseada em responsabilidade partilhada. Por isso, ele propõe que o tratado seja construído com a participação de governos, empresas, universidades, organizações sociais e entidades religiosas. A construção coletiva de diretrizes éticas globais para a inteligência artificial representaria um marco histórico, ao alinhar inovação tecnológica com justiça social e proteção dos direitos humanos. O Vaticano pretende liderar esse movimento com legitimidade moral e diplomática.
Com esta proposta, a inteligência artificial deixa de ser apenas um desafio técnico ou econômico para se tornar um tema de governança global e ética internacional. O Vaticano, ao se posicionar no debate, sinaliza que a tecnologia não pode estar dissociada dos valores humanos. A proposta de tratado internacional de inteligência sobre artificial pode tornar o ponto de partida para uma nova era, em que o desenvolvimento tecnológico será orientado por princípios que preservem a dignidade e o futuro da humanidade.
Autora: Ana Santiago